EP 3 – GeoBIM na prática: expectativa x realidade

Imagem com os participantes do podcast sentados à mesa da esquerda para direita: André Barroso, Wilton Catelani, Júlio Ribeiro e Lucas Tafarello.

Neste terceiro episódio, recebemos especialistas para falarem sobre O GeoBIM na prática: expectativa x realidade. O objetivo é explorar como o GeoBIM é aplicado, comparando as promessas com os desafios reais de sua implementação, e como ele impacta projetos de construção e infraestrutura.

Sobre os convidados

O episódio contou com a participação de dois profissionais de peso da FF Solutions, que compartilharam suas vastas experiências na implementação de soluções digitais: Wilton Catelani e André Barroso.

Wilton Catelani

Wilton Catelani é Especialista em BIM e outras soluções de construção digital, atuando como consultor estratégico com mais de 36 anos de experiência profissional. Sua notável trajetória inclui ter sido um dos fundadores e o primeiro Presidente do BIM Fórum Brasil (onde hoje é membro do Conselho Consultivo). Catelani também é autor da coletânea de Guias BIM, publicada pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção). Além de sua atuação no mercado, ele foi Coordenador Geral de Economia Digital e Produtividade Industrial no Ministério da Economia do Governo Federal.

André Barroso

André Barroso é Engenheiro Eletricista de formação e possui MBA em Engenharia de Custos. Trabalhando com tecnologia aplicada ao desenvolvimento de projetos de engenharia desde 2008, André faz parte do time de especialistas BIM da FF Solutions. Ele já participou de implantações BIM, consultoria e treinamentos em diversos segmentos da indústria, como Real Estate, Saneamento, Rodovias, Ferrovias, Óleo e Gás e Mineração.

Destaques do episódio

O bate-papo explorou os pilares do GeoBIM, a importância da confiança na indústria e os grandes desafios na adoção de tecnologias digitais.

O conceito de GeoBIM e a geração de valor

Os convidados definiram que o GeoBIM é a integração entre processos e ferramentas GIS e BIM. Contudo, o que realmente importa é que essa integração deve significar valor para as empresas e pessoas que a utilizam. O objetivo é permitir fluxos e tomadas de decisão baseadas em informações (data driven decision), de forma mais consistente.

O que não é GeoBIM é ter a informação pouco estruturada (que uma máquina não consegue processar), não ter colaboração entre as pessoas que atuam no ciclo de vida do empreendimento, ou não ter o entregável formatado e pronto para uso.

Colaboração: a grande barreira cultural

A colaboração é central para o BIM e o GeoBIM, mas é um conceito disruptivo na indústria.

A Cultura adversarial: A cultura da construção civil é, infelizmente, ainda muito adversarial, com contratos padrões predominantemente punitivos.

Confiança é requisito: Para que o mercado avance para estágios mais evoluídos na maturidade BIM, é imprescindível desenvolver a confiança entre os envolvidos.

Risco e informação: Muitas empresas, mesmo com modelos BIM bem estruturados, acabam fornecendo apenas PDFs para licitantes, devido ao receio de suas áreas jurídicas em compartilhar informações, o que demonstra a falta de confiança.

Incentivo governamental: A nova Lei de Licitações e Contratações Públicas (Lei 14.133/21) exige o BIM e introduziu o Diálogo Competitivo como modalidade, sinalizando uma mudança nas relações, buscando ser menos adversariais.

Gestão da informação: CDE x GED

A gestão da informação é crucial e passa pelo uso de um Ambiente Comum de Dados (CDE).

CDE não é GED: É um erro comum misturar os conceitos de CDE e GED (Gestor Eletrônico de Documentos). O SharePoint, por exemplo, não é um CDE.

A soma de partes: O CDE é a soma de um fluxo de gestão de dados com uma ferramenta tecnológica que o suporta. JEDs (ou GEDS) lidam apenas com documentos, enquanto CDEs gerenciam e lidam com modelos.

Padronização: As normas ISO 19650 definem quatro estados para a informação (trabalho em desenvolvimento, compartilhado, publicado e arquivado), que são essenciais para garantir rastreabilidade, controle e perfis de acesso.

Pessoas, processos e o “voô de galinha”

O principal obstáculo na implementação do GeoBIM é o peopleware (pessoas).

Gestão da mudança: Projetos de digitalização são complexos, exigindo que o pneu seja trocado com o carro andando. É vital usar ferramentas de Gestão da Mudança e ter um plano de comunicação robusto para convencer as pessoas de que o esforço valerá a pena.

Estratégia vs iniciativa: Para que a adoção do GeoBIM não seja um “voo de galinha” (uma iniciativa pontual que desaparece), ela deve estar conectada à estratégia de transformação da empresa.

Metodologia: É necessário seguir uma metodologia de implementação que inclua o entendimento dos processos, adequação tecnológica, capacitação de pessoas e gestão do conhecimento.

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